30 de jan. de 2011

Autobiografia em Cinco Capítulos

(1) Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido... sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.

3) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito.
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa
Saio imediatamente.

4) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.

5) Ando por outra rua.

Portia Nelson, citado por Charles L. Whitfield, M.D., em Healing the Child Within (Orlando, Flórida: Health Communications, 1989).

28 de jan. de 2011

Por uma terra saudável


















Cuidar melhor do mundo em que a gente vive, de nós mesmos, é ampliar nossa consciência. Saber que cada escolha que faço influi no todo e que sou potente para criar a realidade que escolho; praticar o consumo consciente, pensando no que se compra, de onde vem, como é fabricado. A gente sabe que a maioria dos produtos disponíveis nas prateleiras dos supermercados produz sofrimento à natureza, destrói nossas florestas, polui o ar e os rios e gera sofrimento a muitos outros seres humanos, com condições péssimas de trabalho.

Quando compro um produto, compro também tudo o que ele gerou, assino embaixo, financio a rede que se montou, completando um ciclo. Se uma empresa usa mão-de-obra infantil ou impõe rotinas sofríveis de trabalho, estou dando meu voto para isso também. A decisão de comprar algo é um grande poder que as pessoas têm, o poder do consumo.
Queremos ser um povo que escolhe sua expressão no mundo. E o caminho é doação, é cuidado. O chamado é ver o que realmente colocamos dentro de casa, nas nossas mesas: Que empresas são essas? Como trabalham? O que vendem na realidade? Perpetuam a miséria com seu negócio?
De que adianta limpar a casa, se, com esses mesmos produtos de limpeza, contribuímos para a poluição do planeta? O que está limpo?  

Dois mestres falam sobre o assunto:
“Nossa Terra, nossa linda e verde Terra, está em perigo e todos sabemos. Ainda assim, agimos como se nossas vidas diárias não tivessem nada a ver com a situação do mundo. Se a Terra fosse o nosso corpo, você seria capaz de sentir muitas áreas onde ela está sofrendo.
Muitas pessoas estão conscientes do sofrimento do mundo e seus corações estão cheios de compaixão. Elas sabem o que precisa ser feito e engajam-se no trabalho político, social e ambiental para tentar mudar as coisas.
Mas, depois de um período de intenso envolvimento, elas ficam desencorajadas, porque falta a elas a força necessária para sustentar uma vida de ação. A força real não está no poder, dinheiro ou armas, mas em uma profunda paz interior.”
Thich Nhat Hanh
“No mundo altamente interdependente de hoje, indivíduos e nações já não podem mais resolver muitos de seus problemas sozinhos. Precisamos uns dos outros. Devemos por isso desenvolver um sentido de responsabilidade universal... É nossa responsabilidade coletiva e individual proteger e alimentar a família global, amparando seus membros mais fracos, preservando e cuidando do meio ambiente em que todos vivemos.”
Dalai Lama

25 de jan. de 2011

Lembrete para carregar no bolso


"Reconheça sempre que a qualidade da vida é como a de um sonho e reduza o apego e a aversão. Pratique a boa vontade com todos os seres. Seja amoroso e compassivo, não importa o que os outros lhe façam. O que eles farão não tem tanta importância quando você vê tudo como um sonho. A arte é manter intenção positiva durante o sonho. Esse é o ponto essencial. Essa é a verdadeira espiritualidade."

Chagdud Tulku Rinpoche, Life in Relation to death (Cottage Grove, OR: Padma Publishing, 1987), 28.  

24 de jan. de 2011

De volta para o presente


É tão fácil se ausentar de si mesmo. O grande desafio é estar presente. E é a postura mais revolucionária que o ser humano pode assumir nos dias de hoje. No aqui e agora, estar simplesmente. Ser consciente do meu corpo, da mente e dos mecanismos internos, emoções, que flutuam rapidamente, como um oceano cheio de ondas. Não sou as ondas. Não posso me esquecer da minha natureza água. As ondas passam, mesmo que pareçam enormes naquele momento. 

Vendo o mundo que a gente criou, abundante em som e imagem, o desafio é estar atenta aos movimentos no meu corpo e na minha mente, enquanto atravesso a Avenida Rio Branco, na hora do almoço, ou me esforço para entrar no carro do metrô, no final do dia. São nesses momentos que afirmo e fortaleço a minha criação, de estar consciente. E como? 

A prática pode ser variada. Atualmente, escolhi a respiração como objeto da minha atenção, mas, quando sinto dificuldades em me concentrar assim, busco o que for mais fácil no momento. Voltando ao exemplo da Av. Rio Branco, se eu sinto que não consigo observar a respiração enquanto atravesso, posso escolher observar meus pés pisando o chão ou como minha cabeça balança enquanto me movimento em direção ao outro lado. São pequenas tarefas que me coloco e me trazem para o momento presente.     

E qual a importância disso? Estar presente faz com que eu seja autora da minha vida. Viver no agora é me ver a cada instante e escolher plenamente, experimentar a liberdade; poder oferecer minha presença para aqueles que eu amo, para o mundo, para a vida. Um ciclo que se completa, eu que recebo tanto da vida – alimento, abrigo, chão, sustentação – ofereço de volta minha criação, minha presença, num casamento perfeito.