17 de nov. de 2011

As árvores pelo caminho

Ando bastante pelo Rio. De um ano para cá, um dos meus maiores prazeres é flanar por aí, sem destino. Logo num dos primeiros percursos aleatórios que fiz, dei de cara com a Lagoa Rodrigo de Freitas e fiquei boba. Nossa, como é lindo tudo isso. Depois fui me colocando alguns desafios pela frente, nada a ver com contagem de kms ou coisa assim. Mas comecei a ter vontade de simplesmente sair mais cedo de casa (digo, antes do compromisso para onde iria) e chegar até o lugar marcado com meus próprios pés, por mim mesma. Gente, é muito legal essa brincadeira, porque isso foi me dando um sensação de liberdade, independência e tudo numa curtição do percurso. Uns mais complexos, tipo atravessar toda a Voluntários da Pátria, numa certa velocidade (ainda sem correr) e não esbarrar nas pessoas (as calçadas de Botafogo são muito estreitas!) e outros mais discretos, pequenas tarefas do cotidiano.

Depois de um tempo de experimento andarilho, aceitei um convite para trabalhar no Centro do Rio, daí acabei sucumbindo ao ônibus - já sei... seria uma boa chance de testar minha liberdade por alguns kms a mais... Pois é, eu fraquejei, rs. Coisa boa ou não, foi assim que eu descobri outro enquadramento para o meu olhar. Pela janela do ônibus, eu me encanto a cada dia com aquela Enseada de Botafogo, seus morros e... as árvores. Pronto, cheguei nas lindas e maravilhosas, majestosas árvores.

Nossa, é de arrepiar como elas se expressam, se manifestam com tamanha sabedoria e beleza. Eu fico tão apaixonada por elas que, às vezes, parece que elas falam. Por exemplo, logo quando você entra na Enseada de Botafogo, depois do mergulhão que sai de Copacabana e entra na descida do viaduto, você olha para direita, que (ainda antes de descer) você vai ver uma baita árvore, lindíssima, com aquele prédio empresarial ao fundo. Nossa, para mim, é como se ela usasse dreadlocks - aqueles galhos gordos, cheios de folhas, puxam na minha memória os conhecidos e famosos cachos estilosos do mundo rastafari. Acho engraçado porque ela se impõe ao olhar com uma presença que marca a retina. Quando chove muito, eu me pergunto como ela vai dar conta de tanta água e não se embebedar com ela, escoar tudo.

Adiante, pela Enseada e depois pelo Aterro, as árvores se revezam na disputa pelo primeiro plano, segundo, terceiro, até o infinito. Um espetáculo, evoé, que chama meu olhar todos os dias e ensina que, mesmo, não há discriminação. Uma aula de como não há comparação, o mais belo, o mais feio, as dualidades ou os velhos pares de opostos. Elas simplesmente carregam, cada uma em si, a beleza da criação, sem diferenças. Evoé, mais uma vez!



Um comentário:

  1. Querida amiga, eu sei o que vc sente eu jah descobri a natureza há mais tempo e sou apaixonada pelas árvores da Lagoa Rodrigo de Freitas pois seus troncos são verdadeiras obras de Artes! Eh mágico andar pelo Rio de Janeiro e descobrir tantas belezas, eu encontro absolutamente tudo na natureza, cor, formas, enfim toda inspiração que eu preciso para fazer Atye e jóias. Bjs azuis saudades

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